ROBERTO CARLOS PLAGIOU 17 MÚSICAS INTERNACIONAIS? (RESPOSTA AO VÍDEO DO "POLÍTICA MENTE")

 


PARTE I
Um canal do You Tube intitulado "Política Mente" publicou em 2017 o vídeo (nem se encontra mais, pois provavelmente excluíram-no) acima no qual acusa Roberto Carlos de ter plagiado 17 canções internacionais ao longo de sua carreira. Com o sensacionalista título de "Acabou a Farsa - Bomba! A Verdade Sobre Roberto Carlos (Ídolo Criado Pela Globo Lixo)" os idealizadores (ou idealizador) do canal parecem ter conseguido pelo menos em parte os seus objetivos: o de viralizar na web. Até o momento que escrevo são mais de 1 milhão e 100 mil visualizações, com cerca de 11 mil likes e 3 mil comentários.
Como trata-se de um canal anônimo, não sabemos quem está por trás dessa tentativa de denegrir a imagem do artista mais popular e consagrado da música brasileira. Porém, analisando outras postagens do mesmo, percebe-se tratar de um canal ideologicamente alinhado a uma política de extrema direita e de orientação (pelo menos de simpatização) militarista. Mas por que um canal destinado basicamente a abordar assuntos políticos-ideológicos vociferaria com tal vigor contra um artista popular que atravessa os anos dizendo não gostar nem entender de política? A resposta talvez se encontre no fato de seus promotores comungarem da opinião de que a Rede Globo manipula a cultura nacional a favor de seus interesses - o que este autor concorda em vários aspectos; e inserido nestes estaria a política conservadora de neutralizar (ou manter) o povo tradicionalmente alienado oferecendo a este "ídolos populares igualmente conservadores" que, como tais, ajudariam a manter o sistema manipulado pelo establishment ideológico-cultural, entre os manipuladores, a Rede Globo. Deduzimos, portanto, que a tentativa de assassinato de reputação de RC pelo canal é mais uma querela ideológica do que propriamente política.
Mediante esse sincretismo entre política e cultura, o canal consegue atrair principalmente os internautas anti-Roberto Carlos os quais não simpatizam com o artista e nutrem um incômodo qualquer pelo fato de seus artistas e gêneros preferidos não gozarem do mesmo prestígio e penetração popular do rei. Diante disso, como um dos milhões de fãs de Roberto Carlos no mundo, venho por meio deste blog analisar uma a uma dessas acusações. Para isso, vamos analisar cada uma delas com base nos fatos históricos, musicais e até judiciais. Assim teremos um respaldo bem menos parcial, ainda que meus sentimentos pelo cantor não possam se diluir totalmente a fim de resguardar o mito que há cinco décadas reina absoluto no coração de grande parte dos brasileiros.
A Lei do Plágio Musical no Brasil
A lei que rege o plágio musical em nosso país consta do artigo 7º, da Lei 9.610/98. Para haver a caracterização de plágio, segundo as leis brasileiras, é necessário que os peritos da análise em questão identifiquem a existência de pelo menos 9 compassos iguais entre duas obras musicais. Então, conclui-se que até o limite de 8 compassos idênticos haja tão somente uma coincidência ou, no máximo, uma inspiração voluntária de um compositor mais recente em uma obra musical mais antiga, não se caracterizando criminalmente como plágio. Mas você que é leigo pode não saber o que é compasso e qual a sua função numa obra musical. Vou tentar explicar de maneira mais simples possível.
Uma música é constituída basicamente de três elementos: 1) Melodia; 2) Ritmo e 3)Harmonia.
A melodia é, digamos, o elemento mais importante e mais fundamental de uma obra musical. É o "esqueleto" da música; a porção mais discernível pelos ouvidos humanos até mesmo para quem não entende tecnicamente nada de música.
O ritmo é o elemento musical capaz de caracterizar a que gênero ou tendência pertence uma obra (bolero, valsa, rock, xote, forró, etc.). Seria o "coração" da música, pois determina as suas batidas, o seu andamento, a sua pulsação. É dentro do ritmo que se situa o compasso que corresponde a pequenas divisões, pequenas fragmentações da música.
Já a harmonia seria a "pele", o revestimento de uma obra musical. Ela é composta de acordes, uma sequência de notas musicais executadas ao mesmo tempo.
Voltando ao assunto melodia, o sistema ocidental estabelece o conjunto de 12 sons ou 12 "notas" das quais nasce a linha melódica. Só para o leitor entender, sabe-se que as notas musicais propriamente ditas são sete (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó). Entretanto, entre essas notas existem os semitons que correspondem a "meio-tons" de diferença entre essas sete notas básicas. Quase toda nota musical tem um semitom, as duas únicas exceções são o "mi" e o "si". Exemplificando: quando um intérprete ou maestro deseja cantar/executar uma composição acima de seu tom normal, utiliza-se o sustenido (#). Quando deseja abaixo, utiliza-se o bemol (b). Assim, citando as notas em ordem crescente, temos: dó, dó sustenido (corresponde ao ré bemol), ré, ré sustenido (ou mi bemol); mi, fá, fá sustenido (ou sol bemol), sol, sol sustenido (ou lá bemol), lá, lá sustenido (ou si bemol) e si.
Veja que para compor uma obra musical, um compositor dispõe de 12, apenas 12 notas possíveis para fazer combinações e chegar a uma composição. É um tanto ou quanto impossível que não haja porções coincidentes entre duas composições num universo tão restrito assim. Não queremos dizer com isso que todos os casos comprovados de plágio eram, na verdade, coincidências. Todavia, é muito mais difícil haver coincidência entre escritos literários, por exemplo, haja vista, um escritor ter a sua disposição um vasto universo de palavras. Feito esses esclarecimentos, vamos adentrar propriamente no assunto das calúnias do "Política Mente" (e mente mesmo!).
Roberto Carlos, ídolo fabricado pela Rede Globo?
Essa é uma acusação leviana, infundada e já surrada dos críticos anti-Roberto Carlos. É preciso lembrar aos esquecidos e ignorantes que somente em 1974, RC passou a apresentar o seu tradicional especial de Natal como artista exclusivo da Rede Globo. Àquela altura, RC já havia sido coroado rei há oito anos e há oito anos era o artista mais badalado e querido do Brasil. Nem mesmo à TV Record (a grande potência televisiva dos 60's) pode-se creditar a possível artimanha de ter criado o mito Roberto Carlos. Roberto explodiu nacionalmente três meses antes de passar a apresentar o programa Jovem Guarda junto a Erasmo e Wanderléia. É claro que sua participação no programa amplificou a sua imagem junto à juventude, todavia, é preciso também lembrar que o programa teve duração de três anos e Roberto ficou apenas dois anos e meio nele. Quando a exploração mercadológica do movimento se esgotou, muitos davam como certo o gradual ostracismo de RC, pois imaginavam que ele era uma artista datado, limitado ao "iê, iê, iê". Foi aí que o rei adentrou numa de suas melhores e mais espetaculares fases, a da soul music, e seu sucesso só aumentou (para desespero e dor-de-cotovelo, principalmente dos nacionalistas de esquerda da MPB).
O álbum "O Inimitável": redirecionou o fenômeno RC
A TV Globo sondou RC desde o fim dos anos 60 e só não conseguiu contratá-lo por querer um programa mensal, algo que Roberto nunca aceitou. Quando finalmente em 1974, as duas partes chegaram a um acordo, o ídolo-mor da cultura brasileira passou a apresentar o seu programa anual. Seria um tiro no pé não admitirmos que o contrato de exclusividade com a TV de Roberto Marinho, tendo ela se tornado a maior potência televisiva da América Latina e uma das quatro maiores do mundo, não contribuiu em nada com a manutenção e amplificação da imagem mítica do artista. Agora, inferir que o sucesso de RC deve-se à Globo é o mesmo que creditar à agulha de um toca-discos a péssima qualidade de uma produção em vinil. RC só dá às caras na Globo, em geral, um dia do ano. Os restantes 364 dias ele dependeu exclusivamente do magnetismo de seus discos e da fidelidade de seu enorme público.
Se existe algum mito em torno da relação de RC com a Rede Globo é a de que ele dependa dela para o seu sucesso. Por exemplo, levou nada menos que 26 anos desde que RC se tornou um fenômeno de popularidade para suas canções cantadas constarem de uma trilha de novela. Foi em 1991 e logo duas Mujer (em "Lua Cheia de Amor") e Super Herói (em "O Dono do Mundo"). No caso, não levo em consideração "O Diamante Cor de Rosa", incluída na trilha de "Irmãos Coragem", em 1970, por ser uma canção instrumental.
O álbum de 1990, o primeiro a incluir faixas em trilhas de novelas globais
Dez anos depois, em 2001, houve o imbróglio em torno do álbum e DVD Acústico, parceria com a MTV. Quem correu atrás de RC para demovê-lo do projeto de gravar um especial numa outra emissora foi a Globo. A emissora carioca fez de tudo para não perder momentaneamente a exclusividade de um de seus maiores cartazes. Estava provado mais uma vez que RC não dependia da Globo, pois o CD vendeu 1,5 milhão de cópias e o DVD teve tiragem inicial de 100 mil unidades.
                 O álbum que provocou uma queda de braços entre Globo e MTV por RC
Em 2012, foi a sacada criativa do rei que o fez retornar ao topo após algum tempo sem um hit impactante e sem lançamentos inéditos. Esse Cara Sou Eu atingiu 2 milhões de cópias do EP que o incluía batendo todos os novos ídolos como Anitta, Michel Teló e Paula Fernandes. Todos os outros 9 maiores sucessos no Brasil naquele ano (do top 10) somados foram superados por RC. Será que foi por ter sido tema dos protagonistas da novela "Salve Jorge" é que a faixa virou um mega-hit? E por que A Mulher Que Eu Amo, de "Viver a Vida", não? A Globo não quis, tava de birra com o rei? A verdade é que RC voltou a acertar como nos velhos tempos com Esse Cara Sou Eu.
O EP que superou todos os ídolos descartáveis juntos
Lei de Direitos Autorias Numa Obra Musical
Programa Jovem Guarda
Novela Lua Cheia de Amor
Novela O Dono do Mundo
RC e o Acústico que a MTV nunca exibiu


PARTE II (AS 17 MÚSICAS SUPOSTAMENTE PLAGIADAS)
Nesta II parte da refutação ao vídeo acima, iremos abordar propriamente o assunto das músicas, cada uma delas.
RC é, de longe, o maior criador de sucessos da música brasileira. Não à toa a coroa reluz em sua cabeça há tanto tempo. Foram, desde o seu primeiro 78 rpm lançado em 1959, 453 canções gravadas e lançadas ineditamente das quais 164 foram hits absolutos ou relativos em 62 discos lançados. Se incluirmos os lançamentos internacionais inéditos no Brasil, esses números aumentam.
Bom, a primeira canção referida no vídeo é Midnight Cryin Time, de Scotty McKay, de 1960, a qual teria sido plagiada por Roberto e Erasmo Carlos em É Proibido Fumar, de 1964. Infelizmente, não consegui encontrar nada sobre o artista americano. É fato que ela não foi sucesso no Brasil e não se encontra nem no Top 100 das músicas mais executadas nas rádios brasileiras em 1960. Consegui identificar 6 compassos iguais entre a primeira parte das duas canções - o que não chegaria a se constituir plágio segundo a lei brasileira.
Um único site internacional refere-se a É Proibido Fumar como um cover da música de McKay, nada mais. Na verdade, de todas as 17 é a canção mais parecida, o que pode ser inferido apenas como inspiração na canção supostamente original. A canção de RC foi efetivamente o seu quarto sucesso na carreira e no álbum que dava título foi o segundo maior hit ficando atrás de O CalhambequePassados 56 anos, Roberto e Erasmo nunca foram notificados por alguma acusação de plágio.
O rock-balada Pretty Blue Eyes, de Steve Lawrence foi lançado pela gravadora King Records, de Cincinnati, em 1959 e é bem característico da fase rockabilly do rock, época que coincide com a ida de Elvis para o exército. Os promotores do vídeo julgam que essa canção é a original de Eu Te Adoro Meu Amor, composição de Rossini Pinto incluída no álbum "Jovem Guarda" de RC, em 1965. Identifiquei apenas 4 compassos iguais, o que denota, no máximo, mais um caso de inspiração voluntária, não de uma cópia. Lawrence está até hoje vivo e no dia 08 de julho recente completou 85 anos. Nesse caso, o processo teria que ter como o alvo o cantor, compositor e produtor Rossini Pinto, o qual faleceu em 1985. Eu Te Adoro Meu Amor nem foi decisiva para consolidar a carreira de RC, já que não foi um grande sucesso.
Memphis, de Johnny Rivers teria sido plagiada por Roberto Carlos e Erasmo Carlos em Não É Papo Pra Mim, também do álbum "Jovem Guarda". Curioso é que Memphis já é cover de Chucky Berry, o seu autor original. Berry viveu suficiente (morreu em 18 de março de 2017, aos 90) para reclamar qualquer direito autoral, o que nunca fez. As duas são parecidas somente na introdução e identifiquei sete compassos iguais. Mais um caso de inspiração.
Um dos maiores clássicos de RC, Como é Grande o Meu Amor Por Você é também um clássico da música brasileira e o vídeo a acusa de ser plágio da valsa Que Reste Til de Nos Amours, do cantor francês Charles Trenet. Aqui fica bastante claro as intenções do "Política Mente", pois simplesmente as duas canções não têm nada idêntico. É tão factual que os autores do vídeo mal reproduzem a canção de Trenet.
É Meu, É Meu, É Meu, do álbum "O Inimitável", de 1968, por sua vez, seria cópia de Un Mondo d' Amore, do italiano Gianni Morandi. Aqui míseros três compassos iguais são creditados como plágio! Cabe dizer aos desinformados e maledicentes que as canções brasileiras Fullgas, de Marina Lima; Rolam as Pedras, de Kiko Zambianchi; Pessoa, de Dalto; Marina No Ar Xixi Nas Estrelas, ambas de Guilherme Arantes e A Mulher Invisível, de Ritchie, são todas inspiradas no groove de Billie Jean, de Michael Jackson, e nem por isso são plágio!
A semelhança entre Somos Novios, de Armando Manzanero e Proposta se dá em quatro compassos. Aqui há uma ressalva importante a fazer. Há entre RC e o cantor, compositor e produtor mexicano uma relação próxima e de mútua admiração. Isso é tão factual que no seu especial de 1977, RC convidou Manzanero e com ele cantou o clássico Esta Tarde Vi Llover, que o brasileiro gravaria dois anos depois. A canção de Manzanero é de 1970 e quatro anos mais tarde, o mexicano autorizou o rei a fazer uma versão em português da belíssima Yo Te Recuerdo (Eu Me Recordo) que Roberto incluiu no seu LP anual. Será que Manzanero autorizaria Roberto a fazer uma versão de uma canção sua depois de ter sido plagiado pelo brasileiro? Existe o fato irrefutável de que Proposta é de 1973 e foi lançada com êxito no mercado latino sendo sua versão em espanhol amplamente conhecida lá fora. Em 1978, RC gravou em espanhol mesmo Por Fin, Mañana e no ano seguinte, como dissemos, Esta Tarde Vi Llover, com direito a regravação em 1997 para o álbum "Canciones Que Amo". 

Há ainda a gravação de Me Vuelves Loco, lançada somente no mercado hispânico em 1981 e que é a mesma canção da qual Paulo Coelho (ele mesmo!) fez uma versão em português gravada com sucesso por Elis Regina intitulada Me Deixas Louca. Atualmente, Manzanero está com 84 anos e não há nenhum indício de que tenha pelo menos reclamado de seu colega o ter plagiado com Proposta. Todo rumor infundado e maldoso é por conta exclusiva do "Política Mente".
O dançarino e cantor norte-americano Vic Dana lançou I Will, em 1962, e supõe-se que esta é a música original que teria sido copiada por Rotina, de Roberto e Erasmo, também de 1973. Identificamos oito compassos semelhantes, o que seria o limite permitido de acordo com a lei do plágio musical no Brasil. Dana ainda vive e é um ano mais velho que Roberto. Também não há evidências de que Dick Glasser, seu autor, tenha reclamado a autoria de sua canção. Glasser morreu em 2000.
Já a valsa Despedida (Roberto e Erasmo) teria copiado a co-irmã italiana La Lunga Stagione de Dell'Amore, de Anna Identici, lançada em 1970, quatro antes de RC. Os mais informados sabem que Roberto tem penetração na Itália desde sua vitória em San Remo. Anna completou 73 anos em julho deste ano. Aqui também assemelham-se oito compassos.
O clássico Os Seus Botões, de 1976, teria sido composta por Roberto e Erasmo a partir da valsa francesa Les Feuilles Mortes, de Yves Montand, lançada trinta anos antes. A comparação mais uma vez é leviana, pois há três compassos idênticos apenas. O autor é o húngaro, naturalizado francês, Joseph Kosma, que faleceu em 1969. O intérprete, Montand, morreu em 1991. É um dos poucos casos em que autor e intérprete já são falecidos. Contudo, as canções são bem diferentes.
O mega-sucesso Amigomaior sucesso do ano nas rádios brasileiras em 1977 e absolutamente conhecida no mercado hispânico seria cópia de Hoy Tengo Ganas de Ti, do espanhol Miguel Gallardo, lançada em 1975. Gallardo morreu prematuramente em 2005, aos 55 anos. Mais uma vez, o fato da canção de Roberto ser famosa no mercado latino poderia ter levado o suposto plagiado a formalizar uma acusação, o que nunca aconteceu. A semelhança se dá entre o início de Amigo e o refrão de Hoy Tengo Ganas de Ti.
Moonlight Sonata, composta em 1802 por Beethoven teria sido a canção original usada por Roberto e Erasmo para comporem Cavalgada, também de 1977. Há oito compassos parecidos somente na introdução de ambas. É o único caso de uma música clássica no rol das acusações do vídeo.
Mais uma canção do álbum de 1977, Jovens Tardes de Domingo seria, por sua vez, cópia de La Lontananza, do italiano Domenico Modugno. Falecido em 1994, Domenico é considerado um dos mais importantes cantores italianos de todos os tempos e lançou sua canção em 1970. A comparação entre as duas composições é forçosa. Enquanto Domenico segue a linha melódica em Lá, Roberto e Erasmo seguem em Si praticamente não havendo semelhança entre as duas.
A classissíma Emoções (a segunda canção mais emblemática de RC e a mais regravada com 57 remakes) seria plágio, por sua vez, de I Wanna Be Around, de Tonny Bennett. Identifiquei míseros 4 compassos semelhantes, mas nesse caso, trata-se do caso mais explícito de inspiração. RC nunca negou ser fã de Tonny e sempre declarou que para ele o cantor norte-americano é o maior do mundo. É imprescindível que se ouça as duas canções uma após outra para verificar que são duas obras completamente distintas, apesar de uma servir de base inspiracional para a outra. Na época em que Emoções estava nas paradas latinas em sua versão em espanhol, o maestro, arranjador e compositor americano Billy Vaughn esteve no Brasil e foi entrevistado pela extinta Revista Fã Clube, da Editora Imprima. 
Seu ouvido jazzístico foi atraído por Emoções e ele declarou estar ouvindo com entusiasmo o cantor brasileiro, então. Será que um cara como Billy Vaughn não identificaria imediatamente um plágio da canção de Tonny Bennett, se fosse o caso?
Já o caso de Caminhoneiro Gentle On My Mindé um dos dois únicos casos realmente comprovados em que Roberto e Erasmo sofreram ação e posterior condenação por plágio. Neste country registrado no álbum de 1984, Roberto seguiu a linha melódica da música americana principalmente nas estrofes, mas não incluiu o nome de John Hartford, o autor original, nos créditos nem creditou-a como versão no lançamento de seu disco. A questão é que, na época, o Brasil não seguia todas as convenções internacionais sobre direitos autorais e a dupla imaginou que "Caminhoneiro" pudesse ser entendida como 'inspiração voluntária'. 
Tempos depois, Hartford acusou Roberto de copiar os arranjos de Gentle On My Mind e quando a Sony começou a relançar os LP's de RC já em formato de CD, o nome de John Hartford veio incluído nos créditos. 
No entanto, ao ouvirmos as duas canções percebemos exatamente isso: são duas canções! Por que os representantes de Charles Chaplin não moveram ação contra João Bosco e Aldir Blanc porO Bêbado e a Equilibista? A introdução é confessadamente inspirada em Smile e não há crédito algum ao gênio do cinema mudo. Há centenas de casos conhecidos como esse no qual uma canção é composta a partir de uma linha melódica de outra canção já consagrada, mas não são a mesma canção! São duas canções que em algum momento coincidem (por inspiração voluntária ou por coincidência), mas são completamente diferentes uma da outra no contexto geral.
A balada Só Vou Se Você For, lançada em 1985, é referida no vídeo como plágio de Don't Let It Die, de Hurricane Smith, lançada em 1971. O produtor inglês morreu em 2008, aos 85 anos e também não há nenhuma notificação de processo por eventual plágio. As canções são completamente diferentes sendo que RC compôs sua canção inspirada numa frase da música Fim de Caso, de um de seus ídolos, a cantora e compositora de fossa Dolores Duran.
Amor Sem Limite, lançada no álbum que o intitula, de 2000, seria plágio de Husbands And Wives, lançada em 1966 por Neil Diamond. O cantor e compositor americano tem a mesma idade de RC (dois meses mais velho) e nunca reclamou de que o brasileiro o teria plagiado. É tão cretina a insinuação do "Política Mente" que a execução dessa música no vídeo dura 7 míseros segundos. Isso mesmo! Sete segundos. Seria uma comparação justa? Poder-se-ia levar a sério um canal como esse? Ou seria apenas leviandade fundamentalista para provar a qualquer custo o improvável e assim fundamentar suas assertivas ideológicas?
A última canção citada é A Mulher Que Eu Amo, lançada por RC em 2009. Nela, o rei teria copiado a canção Good Bye, da dupla australiana Air Supply. De fato, a introdução à base de piano é parecida e de longe nos dá impressão de Roberto ter se inspirado para compor sua canção dedicada à Maria Rita. Embora tenha sido tema da novela "Viver a Vida", essa canção não foi um sucesso pleno. Mesmo assim, a audiência da Globo e sua exportação de novelas para outros países poderia ter feito a canção de RC ter chegado ao conhecimento de Graham Russell, vocalista e compositor da banda.
Fato surpreendente é que o canal não cita o único caso julgado de plágio que foi O Careta, de 1987. Em 2002, Roberto e Erasmo foram condenados por plágio a Loucuras de Amor, do já falecido compositor e advogado Sebastião Braga. Os peritos identificaram 10 compassos iguais, o que caracteriza cópia. Foi um longo debate judicial a partir de 1990 e depois de 8 episódios, os dois parceiros foram condenados em última instância não cabendo mais recurso. Sebastião Braga morreu em sua casa, de parada respiratória, em 2005, aos 49 anos.
O álbum de 1987 contendo "O Careta" 

Assim, a única motivação de uma denúncia tão estapafúrdia é encontrar desesperadamente argumentos gratuitos para subsidiar uma ideologia fundamentalista quase ou evidentemente sectária, digna somente dos grupos terroristas islâmicos ou fascistas e comunistas mais radicais.

O compacto do maestro Sebastião Braga lançado em 1982
- Único caso realmente julgado de plágio em relação a RC
Deixo abaixo o link para mostrar que outros artistas importantes da música brasileira também são acusados de plágio:http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult512u113.shtml
http://guiadoscuriosos.uol.com.br/categorias/2239/1/acusados-de-plagio.html     

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