OS CABELOS DO ROBERTO (DA INFÂNCIA À MELHOR IDADE)

Ilustração apresentada no site do G1 em 2011
Muito provavelmente não há outro artista na música brasileira que tenha uma relação tão autobiográfica com seus cabelos do que o rei Roberto Carlos. Praticamente é impossível dissociar o cantor da relevância de seu estilo capilar para a construção de sua imagem perante o público. É fato que hoje, aos 81 anos de idade, os cabelos já ralos e mais curtos não lembram os áureos tempos em que as madeixas reais eram uma de suas principais marcas ao lado do medalhão - o qual não usa mais tendo feito uma cópia menor - e da pulseira de prata com seu nome. Vamos, sem muito texto, desde antes da fama, acompanhar a evolução dos cortes e não cortes dos cabelos de RC.
Com mais ou menos 4 anos, em 1945
Os olhos triste e perdidos no horizonte que tanto caracterizariam seus discos a partir da década de 1970 já estavam presentes nessa foto ainda criança. Talvez seja o primeiro registro de Zunga - seu apelido na infância em Cachoeiro de Itapemirim-ES - já com cabelos relativamente grandes. Crespos desde que nasceram, seus cabelos deviam dar um certo trabalho para dona Laura deixá-los arrumados e partidos para o lado como se vê.
Em 1948, aos 7 anos
Tendo entrado na 3ª infância, sua mãe, Laura, ou o próprio Zunga resolveu cortar o cabelo estilo 'milico' num visual que jamais se repetiria ao longo de sua trajetória.
1952, aos 11 anos
A risada característica de RC todo o Brasil conhece, mas ele sorrindo em uma foto somente nesta, já um pré-adolescente e cantor da Rádio ZYL-9, de Cachoeiro e, bem mais tarde, na capa de seu álbum de 1998. Com muita gomalina ele conseguia comportar seus cabelos penteando-os para trás.
Aos 16 anos, em 1957
Sob a influência de Elvis Presley e a paixão pelo rock and roll, o adolescente RC adota um discreto topete. Nessa época, ele já morava no subúrbio do Rio, em Lins de Vasconcellos, aonde sua família - inIcialmente só sua mãe - foi morar em meados de 1957.
Aqui já os 18 anos, em 1959
Neste ano de 1959, em julho, ele gravou seu primeiro disquinho, um 78 rpm com as bossas "João e Maria" e "Fora do Tom".
Em 1961, já aos 20 anos
Aqui os cabelos de RC estão quase naturais, apenas a gomalina (rs) já havia secado. Garotão, ele estava por gravar ou já havia recém-gravado - não sabemos de que mês exato é a foto - o seu 1º LP "Louco Por Você".
22 anos, 1963
Esta é bem conhecida, pois foi a foto escolhida pela CBS para a capa de seu 2º LP, aquele que trazia seus dois primeiros sucessos "Splish Splash" e "Parei Na Contramão". Notem que neste período, a preocupação de Roberto ainda era manter os cabelos bem penteados ao custo de muito Gumex - dito por ele próprio.
Aos 25 anos, em 1966
Avançamos agora para a metade da década de 1960 e nesta contracapa do seu LP de 1966, Roberto já exibe uma cabeleira crescida atrás. Foi a beatlemania que o influenciou e o cantor adotou durante um longo tempo os cabelos compridos, a sua principal marca por pelo menos 4 décadas. 
Ainda em 1966, auge da Jovem Guarda
Esta foto é apenas para reforçar a anterior, que mostra Roberto com o cabelo já relativamente comprido atrás. Havia muito esforço do cantor, na época, para deixar seus cabelos lisos (ou menos crespos) para compor o visual beatlemaníaco. Antes de adentrar o palco do JG, ele chegava pelo menos uma hora antes para, como uma touca feita de meia-calça feminina, alisar as madeixas e deixá-las prontas para aparecer no vídeo.
Icônico registro de cena do filme de 1968
Passara-se um ano - as gravações do filme foram ainda em 1967 - e apenas os cabelos de Roberto estavam uns 5 centímetros mais compridos e mais alisados no alto da cabeça.
O COMEÇO DA MUDANÇA
Capa do álbum de 1968: o 1º da fase soul
O ano de 1968 foi repleto de fatos significativos para RC. Em janeiro, ele deixou o Programa Jovem Guarda; em março foi à Itália participar (e vencer) o Festival de San Remo com uma canção romântica; em maio casou com Nice Rossi,na Bolívia, e em dezembro lança este álbum acima, além do mês registrar o nascimento de seu 1º filho com a esposa. Nesta capa, ele já posa sem se preocupar com os cabelos alisados.
RC no final dos anos 1960
Esta foto mostra um Roberto Carlos já adotando os seus cabelos naturais, em 1969. Só não está tão comprido ainda como seria sua caracaterística na 1ª metade da década seguinte.É com este cabelo que ele grava seu 2º filme "Roberto Carlos e o Diamante Cor de Rosa" e posa para as fotos do álbum lançado naquele ano, o 2º de sua fase soul.
RC em 1970 em seu 1º show no extinto Canecão
Aqui Roberto já adotou definitivamente os seus cabelos naturais crespos que, compridos, deram origem aos seus tradicionais cachos volumosos da década de 1970. Ainda não está no máximo comprimento adotado, mas é com este corte (na verdade, a falta dele) que o cantor vai posar para as capas dos discos de 1970, 71, 72, 73 e gravar seu último longametragem, "Roberto Carlos a 300 Km Por Hora", de 1971.
Brincando à bateria, em 1974
Aqui as madeixas reais atingem o máximo comprimento adotado. Com elas, o cantor posa para as fotos do seu álbum daquele ano.
O cantor em 1975 num intervalo de gravação para a TV
Há dois fatos novos aqui nesta foto de 1975: Roberto deu uma aparada no comprimento e surgiram precocemente os primeiros fios grisalhos. O artista tinha apenas 34 anos, então. Na capa do seu álbum daquele ano ficou mais evidente, como se vê abaixo:
Capa do álbum de 1975: deixa evidente os primiros grisalhos

RC em março de 1976
Com a cabeleira um pouco mais discreta em 1976, a única diferença é a adoção de uma certa costeleta quase cobrindo as orelhas. No ano seguinte, ele mantém os cabelos mais curtos, como pode-se ver abaixo.
RC na antiga Revista Contigo

Aqui já em 1978
Aqui nesta foto de 1978 se percebe que suas madeixas já cresceram um pouco mais e os fios grisalhos eram tolerados como charme, aos 37 anos.
Contracapa do álbum de 1979
Deste ano de 1979 até 1984 pouca diferença haverá em seus cortes. Nesse período, Roberto já não faz mais questão da enorme cabeleira encaracolada que seguia a moda hippie. Ele já está em sua fase yuppie adotando cada vez mais costume (paletó e calça) sem as extravagâncias de outrora.
RC em 1984
Até esse ano acima, Roberto usou cabelos um pouco mais curtos - mas ao mesmo tempo, já os deixava crescer novamente. O fato novo é que em cima, eles cameçaram a ficar mais ralos, uma herança genética de seu pai Robertino que era calvo.
Já em 1985
Já mais compridos atrás e na testa, este é o visual apresentado nas capas quase iguais dos álbuns de 1985, 86 e 87.
Contracapa do álbum de 1988
Na foto acima, mais compridos abaixo do ombro e novamente encobrindo as orelhas, esse comprimento é o que vai perdurar com pequenas variações, como desencobrir a região auricular, até praticamente 1998. Aproximando-se dos seus 50 anos, Roberto passou a pintar seus cabelos para disfarçar os grisalhos cada vez mais fartos. 
Foto interna do álbum de 1990
Tendo adotado a pena de águia entre os cabelos no ano anterior, RC deu uma discreta aparada nos cabelos que caíam sobre as orelhas (novamente) em 1990.
Foto interna do álbum de 1993
Aqui, Roberto novamente atinge um comprimento capilar recorde - talvez só comparável com a foto de 1974, mas neste ano ele os mantinha crespos. A diferença é que ele os escovava para deixá-los mais balançáveis. Esse cabelão será a tônica de seu visual até 1998, antes de seu ano sabático, em decorrência do falecimento de sua esposa, Maria Rita.
Capa do CD "Amor Sem Limite": abatido e mais triste que nunca
Após um ano de retiro, Roberto voltou à ativa em novembro de 2000 num show em Recife-PE. Nas fotos da capa do álbum acima, lançado em dezembro, o cantor transborda tristeza como nunca antes. A impressão é que uma lágrima irá rolar de seus olhos a qualquer momento. A dor foi tão profunda que ele deixou novamente os grisalhos à lume. Neste mesmo ano, a única nova vaidade é a chapinha, cujo uso adota até hoje.
Capa da Revista Ti Ti Ti, de 2021
O corte mais curto e desfiado na fronte foi ideia da cabeleireira Adriana Carlos, adotado em 2007. Aí, nesta capa quando completou 80 anos, este é o atual estilo do rei octagenário. Segundo Adriana, o cantor ainda tinge os seus cabelos, mas deixando alguns grisalhos à mostra, pois segundo ela deixa-o charmoso.
Esta é deste ano de 2013
Com a mais recente foto que dispomos do cantor, encerramos este passeio por todos os cortes, estilos e comprimentos das madeixas reais. Sem dúvida, nada é tão simbólico em Roberto Carlos como os seus cabelos. Vida longa e com saúde a este ícone da cultura nacional. 

 

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